A propósito de deus, que se fez homem...
A ideia de que deus ter vindo à terra pobre é decisivo é um desentendimento - independentemente de ele ter vindo ou não. Se deus se fez homem, então aí está o decisivo, mas que ele tenha nascido num estábulo entre bosta ou num palheiro entre palha, tenha vivido como um servo ou como um escravo, ou que tivesse vindo como César, Imperador ou Generalíssimo - esta distinção é vazia e insignificante se deus de facto se fez homem. Porque se essa distinção - entre Imperador e escravo - tem alguma importância, não a tem, com certeza, perante o deus que se fez homem - se ele se fez homem - ou então ser imperador seria para deus mais do que ser escravo, e ao fazer-se escravo estaria, talvez, a sacrificar-se e com isso, de facto, deus não seria deus e seria irrelevante o fazer-se homem ou pedra - mas se deus se fez homem, então que ele tenha sido escravo ou imperador apenas pode saltar à vista dos homens que avaliam esteticamente as circunstâncias e as distinções. Se deus se fez homem, então o decisivo nesse homem é ter sido deus feito homem, e o decisivo de deus é ter-se feito homem - e não o ter sido pobre, como se ser pobre fosse uma distinção perante deus, como se perante deus - e justamente porque se fez homem - não tivesse o imperador e o escravo, cada um por si, de estar simplesmente como homem.
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