A propósito de sofrimento...
O humano está na temporalidade e na temporalidade não pode levar uma vida eterna. Na terra não pode viver uma felicidade eterna. A existência é sofrimento, mas não dor ou ausência de prazer: o sofrimento existencial não tem que ver com a dor, mas permanece mesmo que todas as dores estejam ausentes. A existência é sofrimento - se a vida do humano está na temporalidade ela está fragmentada, ela tem de estar misturada com a diversão e, na diversão, ele está distraído - está ausente, tão mais ausente quanto mais diversão estiver presente na sua vida. É na diversão - e não na dificuldade da vida - que se manifesta a inautenticidade. O homem feliz é, portanto, uma forma de inconsciência. Na existência, na medida em que há felicidade, aí há inautenticidade à mistura - a vida é sofrimento, e não sofrer é o reflexo da distracção.
(Cfr. Kierkegaard, Postscriptum Conclusivo Não-científico, VII, 427)
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
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