sábado, 14 de dezembro de 2013

Ética e psicopatas formais

A propósito de psicopatas...

Agora o exercício deve ser o inverso. Imagine-se um sujeito cuja vida é a expressão de uma decisão. Uma decisão que depois toma novamente de cada vez, de tal modo que a sua vida é sucessivamente escolhida - e, deste modo, não é um desenvolvimento automático da sua essência. Este indivíduo não é o desenvolvimento automático da sua própria essência. A sua vida é expressão da sua decisão.

Se imaginarmos um indivíduo destes cuja decisão seja, por exemplo, dedicar-se a ajudar os outros, que diferença existe entre este indivíduo e o psicopata que faz justamente o mesmo enquanto expressão do desenvolvimento da sua essência, que é o desejo totalitário de ajudar os outros? Qual é a diferença entre o indivíduo-decisão e o psicopata? Bem, as suas essências podem ser a mesma, podem ambos ter o mesmo desejo totalitário – mas, ainda assim, ambos são formalmente diferentes. O decisivo aqui é justamente que, enquanto exteriormente podem corresponder ao mesmo, interiormente a diferença é fundamental – e a diferença é tão fundamental que, perante ela, o psicopata e o diletante são o mesmo: ambos são uma variante do desenvolvimento de uma essência. Quer dizer: formalmente, o psicopata e o diletante são reduzidos ao mesmo substracto quando comparados com o indivíduo-decisão.

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