Um desentendimento comum é o de que um paradoxo é um caso para pessoas inteligentes. Mas é justamente o contrário: perante um paradoxo o mais inteligente dos homens está ao mesmo nível que o menos inteligente. Porque compreender um paradoxo não é reduzí-lo a uma forma abstracta, lógica e linear de tal modo que se converta num não-paradoxo: isto seria exactamente o contrário de compreender o paradoxo porque o resultado da compreensão não reteria aquilo que, precisamente, se pretendia compreender, a saber, o paradoxo. Se o paradoxo é explicado de tal modo que se tem um não-paradoxo, então ou não se tratava senão de um paradoxo aparente, ou a compreensão não é senão aparente - mas se o paradoxo ou a compreensão são aparentes, então não há compreensão do paradoxo a notar. Portanto, o muito inteligente e o pouco inteligente estão precisamente no mesmo ponto no que toca ao paradoxal, a não ser que o mais inteligente se encontre de facto em maiores dificuldades na medida em que o seu afã de compreender produza a ocasião para ceder à tentação de converter o paradoxal numa explicação linear e assim se afaste definitivamente da possibilidade de compreender o paradoxo enquanto paradoxal.
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