sexta-feira, 10 de abril de 2020

Como se distingue um fanático político?

A propósito do fanatismo em política

Como se distingue um fanático político?

Isto é sempre muito complicado porque toda a gente tem direito à sua opinião e a manter-se nela - portanto, como é que se distingue um fanático?
É difícil, mas tenho notado uma coisa. A maioria de nós não concorda totalmente com nenhum partido, nem com nenhum político. Eu, por exemplo, tenho um partido de que sou mais próximo, porque muitas das suas posições são semelhantes às minhas, sobretudo naquelas áreas que considero mais importantes. Mas mesmo assim, muitas vezes simplesmente não concordo com as suas posições, outras vezes toma posições que considero ridículas. Mesmo os líderes que mais gosto desse partido irritam-me às vezes, ou dizem coisas que abomino. Discordo muitas vezes do partido e dos seus líderes. E muitas vezes faço parte daqueles que os acusam.
Em geral, a maioria das pessoas parece-me fazer o mesmo que eu. Tem um partido, contudo nem sempre concorda com aquilo que os seus líderes dizem.
Mas tenho notado algo naqueles que defendem o Bolsonaro e Trump: é que estão sempre de acordo com eles, defendem-nos sempre, seja o que for que digam, e mesmo quando dizem uma coisa e o seu contrário. Seja o que for que Bolsonaro diga ou faça, eles concordam e defendem-no. Seja o que for que Trump faça ou diga, eles concordam e defendem-no. Haja ou não contradição. Mesmo quando Trump ou Bolsonaro defendem algo que eles próprios não seriam capazes de defender para Portugal, continuam a defender Trump e Bolsonaro.
Eu diria que este é um bom indício de fanatismo. Os apoiantes de Trump e Bolsonaro, se não são, parecem-se muito com fanáticos.
Nenhuma realidade, nenhum facto, nenhuma evidência os fará mudar. São fanáticos! Ou, pelo menos, comportam-se de modo indistinguível dos fanáticos.

A paixão de Cristo

A propósito da Páscoa

Páscoa, Πάσχα (pascha) em grego. "The Pasch", em inglês.

O verbo πάσχω (paschó) significa "sofrer", "padecer" (πάσχειν, paschein, no infinitivo).
Desse verbo veio πάθος (pathos), "sofrimento", que ainda encontramos em patologia.


O termo "Páscoa" quer dizer, portanto, "paixão". A "Páscoa cristã" refere-se, assim, à "paixão", ao "sofrimento" de Cristo.

Mas a Páscoa já existia no tempo de Jesus. Jesus morreu na Páscoa. Tratava-se da festa judaica em comemoração da saída do Egipto. Em rigor eram duas festas: a Páscoa (a "Pesach"), que só durava um dia, e a festa dos pães ázimos, que durava os sete dias seguintes. Na prática, tratava-se de um período festivo ao qual os judeus chamavam, indistintamente, Páscoa ou Festa dos Pães Ázimos. Flávio Josefo, por exemplo, fala da "Festa dos Pães Ázimos, à qual chamamos Páscoa".

A Páscoa judaica, do aramaico "Pesach" - "the Passover", em inglês - celebra a "passagem" do povo hebreu do estado de escravidão, em que se encontravam no Egipto, para o estado de liberdade - ou seja: a "redenção" dos judeus. Mas para os cristãos, o termo "redenção" passou a significar a "libertação" do Homem por meio do sacrifício de Jesus Cristo.

O termo aramaico ("Pesach") refere-se directamente à "passagem" de Deus (e/ou do anjo da morte - esta parte é exegeticamente complicada) em Exodus 12:23:

«Porque Yahweh passará por toda a terra para matar os egípcios; e, quando vir as marcas de sangue sobre a travessa e sobre as duas colunas laterais, Ele PASSARÁ adiante dessa porta e não permitirá que o destruidor entre em vossas casas para vos ferir de morte».
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