A propósito de ético e religioso em Kierkegaard...
Eticamente, o homem sabe que nada mais lhe pode ser pedido além da sua decisão - pedir mais ou pedir menos não é humano nem preservará o humano. Porque o homem, se queremos que seja humano, não pode ser impedido de escolher o mal ou forçado a escolher o bem - o que seria pedir de mais - nem pode deixar de lhe ser exigido que escolha o bem ou que resista ao mal - o que seria pedir de menos. Eticamente, a decisão é tudo - e esteticamente é tão só nada, e é este nada que é, justamente, o mais difícil precisamente porque é nada esteticamente. Mas este mais difícil é o decisivo e nada mais pode ser exigido à consciência ética e nada mais pode ser exigido ao humano senão que ele se decida.
Religiosamente, nunca o homem pode dizer que há suficiência, religiosamente nunca há um basta, e o religioso que diz que faz quanto pode ou que já suporta tudo quanto pode ou que não tem mais forças para mais - não só não expressa o religioso como tenta a Deus, porque só Deus pode saber o que é exigido (se exige alguma coisa), e o homem não sabe melhor aquilo que é capaz de suportar ou de fazer do que sabe quantos cabelos tem na cabeça (se os tem). E assim o religioso supera o ético, mas supera-o preservando-o, supera-o elevando-o - e, no entanto, o religioso não é uma variação do ético, nem o ético uma introdução ao religioso, mas o religioso é toda uma nova esfera.
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