Qual é o verdadeiro problema da moralidade?
Bem, em princípio, o decisivo da moralidade é que o sujeito faça coincidir o seu querer com o dever. Este é o problema. Porque, se é preciso o sujeito fazer coincidir o querer com o dever, como é que ele pode querê-lo?
Assim, o mais natural é que o sujeito queira que o dever coincida com o seu querer. E, para isso, tem os infindáveis recursos da razão. Por intermédio da razão, o sujeito pode chegar a convencer-se que o seu dever tem de expressar aquilo que é mais vantajoso.
Como se percebe, isto é o inverso do que inicialmente se apresentava à consciência... porque se começa por haver uma questão de "dever", então teve de começar por um "dever" contrário ao que se queria fazer...
Enfim: sempre que nos parece que o nosso dever coincide com o nosso querer é preciso parar para pensar se não será o nosso querer a fazer das suas magias!
Tudo isto depende, naturalmente, da noção de "dever" que se tenha: como é evidente, se o sujeito pensa que "dever" significa "aquilo que eu quero fazer", então a noção de dever é inútil. A noção de dever serve, justamente, para expressar um hiato entre aquilo que imediatamente queremos fazer e aquilo que achamos que deveríamos fazer. Se na noção de dever não estiver incluído este hiato, então elimine-se a palavra.
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