segunda-feira, 15 de abril de 2013

Sem título

A propósito da vida - desconjuntado...


Submerge-nos, por vezes, a intuição de que não se nasceu para isto, de que este mundo não é a nossa casa, de que não se está bem onde quer que se esteja. E sabe-se que isso só pode designar uma grave desadequação de mim-a-mim. E corre o mundo, e esgota-se o tempo, aproxima-se avidamente o momento das contas a acertar.

Uma profunda desadequação, ser-se inábil e não se saber ser hábil, ser-se um inadaptado

um vazio

um poço sem fundo

não saber o que fazer e saber que não há nada a fazer. Que tudo é nada e que mesmo assim há falta de qualquer coisa... o reconhecimento de que o nada do mundo não sacia, de que não dá paz saber que nada há aí para mim. Querer o mundo todo e não saber lidar com a própria roupa; querer o mundo todo e o mundo todo não bastar.

Não há grito, não há riso, não há felicidade nem infelicidade, não há um só alguma coisa que se possa dizer: sim, isso é um sentimento que vale! Não, não há.

E, no entanto, aqui estamos... E sentimos, e queremos, queremos ser, escrevemos para os outros com consciência de que de nada vale escrever para os outros e de que nada vale aquilo que escrevemos!

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