O conflito de convicções e a percepção de evidência
Sr. A- Como podes dizer que não queres mudar se não conheces
outras coisas? Deverias viver no meu país, onde as pessoas como tu são livres.
Tu não sabes o que é isso e por isso dizes que estás bem sem isso.
Sr.ª B- Mas eu não quero conhecer isso! Estou bem como
estou, já disse!
A- Teimosa, tu! Viveste toda a vida aqui. Meteram-te na
cabeça que isto que conheces é tudo quanto há… mas há muitas coisas mais!
B- Coisas mais? Mais coisas, que mais coisas?! Coisas a
mais, queres tu dizer. Tenho o que tenho, quero ter isso e é isso que tenho!
A- Vem comigo e eu mostro-te o que podes vir a ser! Vais
mudar de opinião num segundo. Vais ver!
B- Não duvido disso! Acredito que de facto iria mudar de
opinião, mas o que me interessa é saber se iria mudar para melhor…
A- Poderias escolher… agora não podes!
B- Sim, mas e se a alternativa ao que tenho for má!
A- Não a escolhes. Ninguém te vai obrigar!
B- Não estás a perceber: eu posso ficar a gostar disso que
falas e passar a preferir isso… mas quem me garante que nessa altura eu não
estaria a iludir-me! Esse teu mundo parece-me ter a capacidade de converter
facilmente as pessoas. Mas talvez elas fiquem tão ofuscadas pelo brilho disso
que não percebam que estão enganadas! Eu não quero correr o risco de me
encontrar numa situação em que estou em erro convencida de que estou certa!
A- Mas isso não pode estar a acontecer precisamente agora?
B- Pode! Mas se é para continuar a ter crenças sem saber se
são verdadeiras prefiro manter a minha, porque estou certa de que é verdadeira!
A- Não percebo como podes preferir não ter escolha!
B- É verdade que não percebes, não percebes que a minha
escolha é continuar aqui!
A- Não, desculpa! Estás errada. Se conhecesses outra coisa
além desta ias ver que não queres realmente isto!
B- É mesmo isso que eu não quero: não quero querer outra
coisa!
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