Metafísica, 983a 24
ἐπεὶ δὲ φανερὸν ὅτι τῶν ἐξ ἀρχῆς αἰτίων δεῖ λαβεῖν [25] ἐπιστήμην (τότε γὰρ εἰδέναι φαμὲν ἕκαστον, ὅταν τὴν πρώτην αἰτίαν οἰώμεθα γνωρίζειν), τὰ δ᾽ αἴτια λέγεται τετραχῶς, ὧν μίαν μὲν αἰτίαν φαμὲν εἶναι τὴν οὐσίαν καὶ τὸ τί ἦν εἶναι (ἀνάγεται γὰρ τὸ διὰ τί εἰς τὸν λόγον ἔσχατον, αἴτιον δὲ καὶ ἀρχὴ τὸ διὰ τί πρῶτον), ἑτέραν δὲ τὴν ὕλην [30] καὶ τὸ ὑποκείμενον, τρίτην δὲ ὅθεν ἡ ἀρχὴ τῆς κινήσεως, τετάρτην δὲ τὴν ἀντικειμένην αἰτίαν ταύτῃ, τὸ οὗ ἕνεκα καὶ τἀγαθόν (τέλος γὰρ γενέσεως καὶ κινήσεως πάσης τοῦτ᾽ ἐστίν), …
É evidente que, desde o princípio, é preciso adquirir
conhecimento das causas (pois, de facto, dizemos conhecer cada coisa quando supomos
conhecer a sua causa primeira). Mas a causa diz-se de quatro modos. De acordo
com um dos quais dizemos que causa é a
‘coisa’ [própria][1] e o que era para
ser[2]
(pois, o “porquê[3]” reduz-se
à razão última, mas o primeiro “porquê” é causa e princípio). Outro é a matéria
e o substrato[4]. O
terceiro é a origem ou princípio do movimento. O quarto é o oposto dessa causa:
o “em vista do qual” e o bem (pois, isso é o fim de toda a geração e
movimento).
[1]
Coisa própria: οὐσία. A tradição fixou a tradução por substância, mas em grego designa qualquer coisa. Aristóteles converteu o termo vulgar coisa em termo técnico.
[2] A
tradução tradicional da expressão τὴν
οὐσίαν καὶ τὸ τί ἦν εἶναι é a
substância e a essência.
[3]
Literalmente, o através.
[4]
Literalmente, o que jaz por baixo.
Os quatro modos de dizer causa não se tratam de três diferentes causas.
Diz-se causa em quatro sentidos distintos e que são:
Causa formal: τὴν
οὐσίαν καὶ τὸ τί ἦν εἶναι: a coisa própria e o que era para ser; substância e
essência;
Causa material: τὴν ὕλην καὶ τὸ ὑποκείμενον: a matéria e o
substrato;
Causa eficiente: ὅθεν ἡ ἀρχὴ τῆς κινήσεως: origem e
princípio do movimento;
Causa final: τὸ οὗ ἕνεκα καὶ τἀγαθόν – τὸ τέλος: o em vista
do qual e o bem – o fim.
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