Tomemos este exemplo de argumento:
AàB
A
Então, B.
Isto é, se A implica B, e A acontece, conclui-se B.
Também podemos dizer: se A cria B, e tenho A, então B foi
criado (por A).
Se Deus existe como criador, então tudo o que existe é, em
última análise, efeito ou consequência de Deus.
Ora, se tudo é efeito da criação divina, então, seja o que
for que se observe na criação nada se pode concluir sobre Deus.
Tenta-se provar, por vezes, a existência de Deus a partir da
existência do mundo. Ora, isto é um equívoco. Da afirmação do consequente não
se deduz a afirmação do antecedente. Ou seja, nessa suposta prova pretende-se
inverter a relação lógica como se se pudesse dizer “se existe mundo, então
existe Deus”, quando aquilo que podemos de facto dizer é que “Deus é criador do
mundo”.
Se Deus é “p” e o mundo é “q”, então o que posso logicamente dizer é “pàq”. Esta é a relação
lógica entre Criador e Criatura: Deus implica Mundo.
Mas, neste caso, ainda que saibamos que existe mundo, não
podemos afirmar Deus, pois da afirmação do consequente não se retira a
afirmação do antecedente.
Então eu posso afirmar com segurança que, se não existisse
mundo, Deus não existiria, mas que dado que existe mundo, então não sei se existe
Deus. Ainda assim, se Deus existir, então Deus criou o mundo.
Eu não posso fazer mais do que afirmar:
pàq
Eu não posso afirmar que p. Contudo é isto mesmo que se
tenta fazer para provar que Deus existe. Ao pretenderem deduzir a existência de
Deus a partir da existência do mundo, estão a assumir, sem provas prévias, a
existência de Deus, quando é isso mesmo que estão a tentar provar.
Conclusão: existindo mundo, este pode ter vindo de qualquer
parte.
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