Há argumentos a favor da existência de Deus.
“Se esses argumentos forem válidos e as suas premissas
verdadeiras, então segue-se que Deus existe necessariamente.”
Esta premissa pode apresentar-se assim:
p --> q
Se ocorrer p (os argumentos a favor da existência de Deus
são sólidos), podemos concuir q (Deus existe).
Mas se
não ocorrer p (~p), não poderemos concluir ~q (Deus não
existe). Pois, da negação do antecedente (p), nada se conclui.
Assim, ainda que se mostre que nenhum argumento a favor da
existência de Deus é sólido, Deus pode logicamente existir.
O mesmo vale para a ciência, com uma diferença
importantíssima: a ciência não deve colocar hipóteses que não sejam testáveis.
Assim: a ciência não pode afirmar que pode explicar tudo,
porque nenhuma teoria testável foi proposta até ao momento que tenha a
capacidade para explicar tudo. As teorias que explicam tudo (das cordas, M) não
são testáveis, as testáveis (M. Quâtica, Relatividade) não explicam tudo cada uma
por si.
Ora:
Se os argumentos que provam a não-existência de Deus forem
sólidos, Deus não existe.
Mas tudo o que posso almejar é mostrar que o mundo físico
pode explicar tudo sem necessitar de Deus. Não há nenhuma prova propriamente
dita da não existência de Deus. Contudo, ainda que a ciência possa explicar
tudo sem necessidade de assumir Deus como criador, Deus pode existir.
Nada intramundano pode ter força sobre Deus, a não ser que
Deus não seja Deus, todo poderoso, independente de qualquer materialidade. Mas
se Deus é Deus, então o Universo pode começar e acabar sem que isso possa
interferir no ente Deus. A ideia é:
Deus pode (ou não) interferir no mundo, criar ou destruir o
mundo, etc.
O mundo não pode interferir em Deus, nem criar nem destruir Deus.
Deus está fora da lei da causalidade, nenhuma causa pode
agir sobre ele, nele não pode ocorrer nenhum efeito do mundo.
Nada no mundo pode provar alguma coisa sobre Deus. Porque se
o pudesse, ter-se-ia que admitir uma causalidade do mundo sobre Deus.
Pode objectar-se que o mundo é um efeito de Deus, e que muitas vezes podemos saber a causa de um efeito apenas pelo estudo deste. É, de facto, assim que funciona a ciência forense. Analisam-se os efeitos como constituindo provas.
Aqui esconde-se uma inversão lógica, como se da afirmação do consequente se pudesse obter a afirmação do antecedente. Todavia, não é isso que acontece na ciência forense.
O que o investigador faz é procurar "indícios" de causas para os efeitos observáveis. Por exemplo: dos vestígios de gasolina pode assumir a hipótese de fogo posto, porque é sabido que a gasolina é uma causa de fogo. Com uma combinação assaz eficiente de indícios, o detective pode estabelecer um mapa de hipóteses acerca das causas do crime, desde a presença de um suspeito, até aos motivos que ele tinha.
Pode assumir-se isso no mundo em relação a Deus? Pode. Pode, de facto, aceitar-se isso e aceitar-se que Deus possa existir com base em indícios. O que não é possível é o contrário, a saber, provar que Deus não existe.
Mas, então, é possível provar que Deus exista?
Não, o que se pode fazer é estabelecer causas prováveis, entre as quais Deus se indicará, com uma maior ou menor probabilidade, dependendo do espírito e da "imparcialidade" de quem avaliará os "supostos" indícios.
Tudo o que por via da razão e do empirismo se pode alcançar é uma probabilística de Deus...
A crença, claro está, é muito mais sincera, quando autêntica...
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