E se todo o conhecimento do mundo tiver como função o sujeito iludir-se a si mesmo?
O ser humano que viveu nos confins de uma floresta antiga sem saber nada do mundo tinha mais ou menos à sua disposição a possibilidade fundamental de ser autêntico?
Se a autenticidade é o decisivo - qual é a importância de todo o conhecimento, de todas as comodidades, de toda a civilização tecnológica?
Não pode o humano confundir-se de tal maneira com a tecnologia que julga já não poder existir sem ela?
O humano é capaz de conhecer o mundo inteiro só para se encontrar, e de consumir o mundo para existir. E depois?
O sujeito que já viu o Evereste conhece-se melhor? O sujeito que tem o mundo a seus pés vive melhor? - o ponto de vista estético está-nos na carne
Como é que se pode vir a saber o que quer que seja? Não pode.
Só há duas hipóteses: ou já se sabe, e então é um saber tautológico (dedução); ou não se sabe ainda, e então nunca se pode vir a saber (indução, analogia...).
Podem-se acrescentar as provas que se quiser, mas se é preciso prova, então nunca se chega a saber.
A prova é uma aproximação - tipo o Aquiles atrás da tartaruga: nunca a provaalcançará a certeza, o saber, o conhecimento certo.
Se se quer mesmo dizer que se veio a saber alguma coisa mais, então o sujeito teve, em algum momento, DECIDIR dar o salto e dizer: "ok, já chega, agora acredito".
O saber ou é tautológico, ou é crença. A crença dá-se por um salto. A parte da aproximação sucessiva por meio de provas é o aspecto ilusório da coisa!
Isto é relevante do ponto de vista existencial - e não apenas para a ciência...
Como Kierkegaard muito bem viu, perceber isto é existencialmente decisivo...
O que é uma ilusão? O que é que se sabe? Quantas das coisas que dizemos saber foram aprendidas? Quanto do nosso mundo foi uma aprendizagem?
Sem comentários:
Enviar um comentário
discutindo filosofia...