terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Saber . Existir .

A propósito de conhecimento...

E se todo o conhecimento do mundo tiver como função o sujeito iludir-se a si mesmo?

O ser humano que viveu nos confins de uma floresta antiga sem saber nada do mundo tinha mais ou menos à sua disposição a possibilidade fundamental de ser autêntico?

Se a autenticidade é o decisivo - qual é a importância de todo o conhecimento, de todas as comodidades, de toda a civilização tecnológica? 

Não pode o humano confundir-se de tal maneira com a tecnologia que julga já não poder existir sem ela?

O humano é capaz de conhecer o mundo inteiro só para se encontrar, e de consumir o mundo para existir. E depois?


O sujeito que já viu o Evereste conhece-se melhor? O sujeito que tem o mundo a seus pés vive melhor? - o ponto de vista estético está-nos na carne


Como é que se pode vir a saber o que quer que seja? Não pode.

Só há duas hipóteses: ou já se sabe, e então é um saber tautológico (dedução); ou não se sabe ainda, e então nunca se pode vir a saber (indução, analogia...).

Podem-se acrescentar as provas que se quiser, mas se é preciso prova, então nunca se chega a saber.

A prova é uma aproximação - tipo o Aquiles atrás da tartaruga: nunca a provaalcançará a certeza, o saber, o conhecimento certo.

Se se quer mesmo dizer que se veio a saber alguma coisa mais, então o sujeito teve, em algum momento, DECIDIR dar o salto e dizer: "ok, já chega, agora acredito".

O saber ou é tautológico, ou é crença. A crença dá-se por um salto. A parte da aproximação sucessiva por meio de provas é o aspecto ilusório da coisa!

Isto é relevante do ponto de vista existencial - e não apenas para a ciência...

Como Kierkegaard muito bem viu, perceber isto é existencialmente decisivo...

O que é uma ilusão? O que é que se sabe? Quantas das coisas que dizemos saber foram aprendidas? Quanto do nosso mundo foi uma aprendizagem?

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