"O
mundo julga bem as coisas, pois ele está na ignorância natural, a qual é a
verdadeira sabedoria do homem. As ciências têm duas extremidades que se tocam.
A primeira é a pura ignorância natural, na qual se encontram todos os homens ao
nascer. A outra extremidade é aquela a que chegam as grandes almas, as quais,
tendo percorrido tudo o que os homens podem saber, descobrem que eles próprios não
sabem nada, e reencontram-se naquela mesma ignorância de onde partiram. Mas
esta é uma ignorância sábia que se conhece. Aqueles que estão entre os dois,
que saíram da ignorância natural, e não consiguiram chegar à outra, têm um tom
daquela ciência que se basta e fazem-se entendidos.
Esses
[que estão entre os dois] perturbam o mundo, e julgam mal tudo. O povo e os
hábeis compõem o comboio do mundo; esses [que estão entre os dois] desprezam-no
e são desprezados. Julgam mal todas as coisas, e o mundo julga bem."
Pascal,
Pensées, ed. Ernest Havet, Art. II, 18 - tradução nossa.
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