Acordo? Qual acordo? Os gregos - os antigos - tinham um vocabulário expressivo, e na sua vastidão encontra-se este verbo: συμφράζομαι (synfrázomai). Um verbo interessantíssimo porque vem do termo φρήν (frén), ainda hoje compondo vários termos em várias línguas, como é o caso de "FREnético". A palavra φρήν designava o órgão da respiração, mas num sentido originário, como quando ainda hoje dizemos que "faltou-me o ar quando ele disse aquilo", ou que a "atmosfera ficou irrespirável quando ele entrou na sala". Normalmente, traduz-se por "coração", porque nós hoje associamos ao coração esta função disposicional... O prefixo "συμ-", ainda hoje usado em palavras como "SINergia" ou "SINtonia", significa "em conjunto", "com". Ora, συμφράζομαι significa "tomar conselho com", "tomar parte em conjunto com", "considerar em conjunto"; "conjugar esforços"; mas também "dizer em conjunto", "condizer". Quer dizer, para os gregos - antigos - chegar a acordo, concordar, envolve o coração, uma relação de sinergia em que os sujeitos se envolvem de coração, respirando em conjunto, em sintonia. Da mesma forma, o termo "a-cordo" vem do latim, da palavra "cor", que significa "coração".
Não. Não houve qualquer acordo. Os líderes europeus já não sabem o que significa ter coração. Por isso, não podem saber o que significa "acordo", não podem compreender qual era o "projecto europeu".
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