“Assim
é a morte em si mesma. É preciso que primeiro a sofras, antes que o espírito
que vivifica possa vir. Quando, por vezes, um ou mais dias, me sinto cansado,
abatido, incapaz de um esforço e – não se pode dizer? – quase aniquilado,
suspiro para mim mesmo: «Oh! Dai a vida; eu preciso da vida!»; ou quando, quase
ultrapassado nas minhas forças, me parece que já não posso mais; ou quando, por
um certo tempo, me pareceu que estava votado ao fracasso e que me afundava no
desencorajamento, então eu suspiro para mim mesmo: «A vida! Dai a vida!» Mas
daí não resulta que o Cristianismo acredite que seja disso que eu preciso. Suponha
que ele tem um ponto de vista diferente e que diz: «Não, morre por completo
primeiro; o teu mal é estares apegado egoisticamente à vida, a essa vida a que tu
chamas um tormento, um fardo: morre por completo!»”
Kierkegaard,
Para um exame de consciência recomendado
aos contemporâneos, XII, 418
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