quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Da raposa, das uvas e do humano

A propósito da precisão de ter uma impressão de si genuína...

É o ser humano que é assim como à raposa da estória...

Ao perceber que as uvas estão muito altas a raposa convence-se de que estão verdes, o que, por sua vez, alivia a tensão, pois a pressão para as alcançar desaparece. Ou seja, desistir das uvas tem um efeito parecido ao que teria chegar às uvas, visto que descomprime a vontade da raposa. É certo que o efeito não é exactamente o mesmo, pois, afinal, não conseguiu gozar do prazer de saborear as uvas. Mas, por outro lado, ao direccionar a sua atenção para fitos mais à-mão, a raposa abriu todo um novo horizonte de possibilidades: é certo que não chegará a saborear as uvas, mas, em compensação, poderá saborear muitos outros frutos rasteiros que imediatamente lhe surgirão pela frente aliciando-a a curvar-se, a curvar-se cada vez mais até que acabará, certamente, a comer batatas e outras iguarias subterrâneas.

Assim é o humano, nas palavras de Kierkegaard: "os homens têm uma maior impressão das vacas do que de si mesmos".

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