A propósito de macaqueação
Teixeira de Pascoaes, Defeitos da Alma Pátria:
«Sempre que o homem hesita na sua humanidade, aparece o macaco»
Kierkegaard, Querer ser o primeiro:
«tu sentes a falta de algo que se te adiante, não é verdade que tu sentes falta do «rebanho»?, isto é: tu queres ser animal. […], pois tu não queres arriscar; quando, nomeadamente, apenas se percebe ter outros adiante de si, quanto mais melhor, tanto menos se arrisca, ou mais correctamente: no fim de contas não se arrisca de todo, ou mais correctamente ainda: faz-se precisamente o contrário de arriscar. […] cobardes-chico-espertices dos homens, que preferem a macaqueação e a bestialidade»
A ideia parece ser a mesma: que o espírito simiesco - o espírito de imitação em nós - nos persegue para onde vamos, e que sempre que hesitamos, sempre que não somos capazes de estar à altura do que faria de nós humanos, daquilo que seria exigido para sermos indivíduos, para termos um carácter, para formarmos uma personalidade, o macaco em nós toma a condução dos destinos da nossa vida nas suas mãos.
O macaco em nós parece designar, simultaneamente:
- o espírito "imitativo" ou "simiesco" - a tendência do indivíduo para imitar, para seguir a manada, para integrar a massa, para ser rebanho;
- o animalesco, a preponderância das determinações da espécie na vida do indivíduo - e, por isso, também a tendência para ser número, espécime, simples cópia da espécie.
terça-feira, 12 de setembro de 2017
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