É conhecida a tese de que "se Deus não existe, a vida não tem sentido". Por vezes, para rebater esta tese, diz-se que mesmo que houvesse uma vida depois da morte, de perfeita felicidade, não seria legítimo medir a vida no mundo por esse critério. É certo. Mas a tese de que o sentido da vida terrena depende da existência de Deus não depende da tese da vida depois da morte. Isto é evidente quando se sabe que havia seitas judaicas que não acreditavam na vida depois da morte. Aliás, no Novo Testamento, Jesus é questionado, precisamente, pelos Saduceus, os quais tentaram levar Jesus a cair em contradição ao admitir a imortalidade da alma.
É perfeitamente possível não acreditar na imortalidade da alma e, ainda assim, manter a tese de que o sentido da vida depende da existência de Deus, ou que Deus é a fonte do sentido da vida.
Muitas vezes, quando os (filósofos) ateus se referem ao mundo judaico-cristão tomam este apenas pelas suas versões mainstream (seja na versão mainstream popular, seja na versão mainstream teológico-filosófica).
O mundo judaico-cristão também tem correntes que não acreditam na imortalidade da alma. Na verdade, o que está em causa em Deus como fonte do sentido não é o facto de Deus fornecer um prémio, ou uma recompensa. Deus funciona como fonte de sentido por ser Deus, por haver um Deus a dar sentido a uma determinada forma de vida - independentemente de dela decorrer uma recompensa ou não.
É perfeitamente possível não acreditar na imortalidade da alma e, ainda assim, manter a tese de que o sentido da vida depende da existência de Deus, ou que Deus é a fonte do sentido da vida.
Muitas vezes, quando os (filósofos) ateus se referem ao mundo judaico-cristão tomam este apenas pelas suas versões mainstream (seja na versão mainstream popular, seja na versão mainstream teológico-filosófica).
O mundo judaico-cristão também tem correntes que não acreditam na imortalidade da alma. Na verdade, o que está em causa em Deus como fonte do sentido não é o facto de Deus fornecer um prémio, ou uma recompensa. Deus funciona como fonte de sentido por ser Deus, por haver um Deus a dar sentido a uma determinada forma de vida - independentemente de dela decorrer uma recompensa ou não.
Claro que a mentalidade actual, completamente embrenhada na "utilidade", só consegue conceber o judaico-cristianismo sob o prisma da utilidade que esta vida teria para obter outra vida depois. Para Kierkegaard, esta era a forma da cristandade: um paganismo; fazer-se cristão para obter uma recompensa, como qualquer pagão. Para Kierkegaard, esta forma de paganismo - a cristandade - não chegava, sequer, ao estádio ético, pois neste vigoraria a injunção "faz o bem, ainda que não haja recompensa".
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