Que a concepção da felicidade como finalidade da existência é um paradigma historicamente datado, circunstanciado e, por isso, historicamente condicionado - é difícil de perceber.
Para o comum dos mortais, a felicidade é «analiticamente» o fim de todas as suas acções e a finalidade da própria vida. Um sujeito não só toma como evidente que a felicidade é o fim de todas as suas acções – e, daqui, por passos de mágica, conclui que também "deve" sê-lo – como também não se apercebe que há uma tese aqui: tudo se passa como se a felicidade fosse «analiticamente» a medida do homem. Portanto, também não se apercebe de que há outras teses possíveis – outras teses de que, na maioria das vezes, não faz a mínima ideia. Pois, que outra coisa se poderia querer senão a felicidade? Na maioria das vezes, esta mesma pergunta permanece surda, mesmo que alguém a formule, porque o sujeito não consegue pensar em nada que se queira que não seja por mor da felicidade.
É um caso de completa "sistemática elisão das possibilidades alternativas" (Mário Jorge de Carvalho)... o sujeito está embalado numa compreensão que está cega para as alternativas!
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