A nossa época existe apenas no desejo, no preenchimento do desejo e no regresso ao momento do desejo. Que época tão empreendedora a nossa, porque nunca se pode parar, porque o que conta é sempre o que vem a seguir. O que importa é que se tenha um ponto para o qual se queira ir. Que se tenha algo para desejar, porque parar é morrer. A nossa época vive disto, da incessante remissão como uma carta indefinidamente reenviada, sempre em trânsito, sempre endereçada a algo de outro. Como uma carta que nunca chega, que não pode chegar, porque se houvesse um momento em que esta época não tivesse mais nada para desejar, em que por um infeliz acaso tivesse adquirido tudo aquilo que deseja, em que estivesse perfeitamente satisfeita, simplesmente morreria. Esfumar-se-ia no vazio que ela mesma é, porque ela não é nada, pois é apenas no desejo, na fruição e no regresso ao momento do desejo.
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