quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Se alguém quer seguir-me, negue-se a si mesmo

A propósito de Jesus

Disse Jesus assim: "Εἴ τις θέλει ὀπίσω μου ἔρχεσθαι, ἀρνησάσθω ἑαυτὸν" ("Se alguém quer seguir-me, negue-se a si mesmo") - Lucas 9:23.


Jesus foi uma figura revolucionária porque aquilo que ele disse e fez não se enquadrava no comum, habitual e consensual. Aliás, aquilo que Jesus disse e fez não se enquadra, ainda hoje, tal como naquele tempo, no comum, no hábito, no consenso.

Habitualmente, as pessoas gostam de recorrer às palavras de Jesus, mas fazem-no para confirmar e apoiar aqueles pensamentos e aquelas ideias que julgam ser as melhores opiniões disponíveis. Ao fazerem isto não tomam verdadeira atenção às palavras para perceber o que está a ser dito. O comum dos mortais tem certas ideias feitas e parece-lhe que Jesus deve ter querido dizer aquilo que ele mesmo diria.

Mas Jesus não é um mestre qualquer. Quando pedem que Jesus os deixe seguirem-no, Jesus não se mostra entusiasta, de fácil trato, capaz de tudo para ter uma boa multidão atrás de si. Pelo contrário. A um que pede que Jesus espere enquanto ele vai enterrar o pai, Jesus diz que deixe os mortos enterrarem os mortos. A outro que pede a Jesus que espere enquanto se vai despedir da família, Jesus exige que não olhe para trás. Jesus chega ao ponto de explicar que quem o quiser seguir tem de odiar - sim, ODIAR - a família, odiar a própria alma... quem é este mestre que exige que cada um se negue a si mesmo, negue a sua mãe, a sua mulher, a sua riqueza, os costumes, até a moral, para o seguir???

De facto, o costume de enterrar os mortos é antigo. Mas Jesus não parece importar-se com esse velho costume - que pode ser considerado um preceito moral, um hábito de respeito para com o falecido, para com o familiar desaparecido. É velho o preceito de respeitar pai e mãe - mas Jesus exige que quem vai ter com ele odeie o seu próprio pai e a sua própria mãe (Lucas 14:26)...

Esta forma de falar é mais evidente em Lucas, o qual parece menos preocupado com a reputação de Jesus. Seja como for, é evidente que não devemos aproximar-nos da figura de Jesus convencidos de que estamos na posse de uma clareza de juízo, como se pudéssemos esperar que Jesus se nos dirigi-se com as mesmas ideias que nós já temos. Devemos aproximar-nos de Jesus com a mente aberta... muito aberta.




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