terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Aprender com os psicopatas

A propósito de o que temos a aprender com os psicopatas


De entre os livros e estudos que sustentam que os psicopatas têm muito a ensinar-nos, há um aspecto que ainda não vi ser desenvolvido. Não se tem dado o devido valor ao facto de os psicopatas serem sempre reconhecidos como pessoas pacatas e, frequentemente, como pilares da sociedade. Um psicopata consegue combinar diversas formas de reconhecimento, sendo amíude visto como bom pai, bom vizinho e pessoa dedicada ao bem comum. Já nem vou falar do facto de um psicopata conseguir arranjar tempo para isto tudo, ser bom pai, bom marido, bom professor, praticar voluntariado e ainda, entre dar aulas de ginástica gratuitas e contar uma história de embalar ao filho, matar 13 adolescentes - e, o que é mais, conseguir fazer tudo isto muito bem e ser apreciado por isso; ao passo que o padeiro da zona, como toda a gente sabe, não liga aos filhos, põe sempre sal a mais no pão, vende bolos de ontem como se fossem de hoje, põe os cornos à mulher e ainda é caloteiro. O psicopata consegue escapar sempre a esta maledicência, pois toda a gente lhes reconhece os dotes para fazer muitas coisas e bem todas elas! Mas, como dizia, o aspecto que tem passado despercebido é, precisamente, o facto de conseguir esse reconhecimento das pessoas, sempre tão aptas a dizer mal, mas que nos psicopatas só conseguem encontrar pontos positivos - é certo que terá assassinado umas quantas pessoas pelo meio, mas isto apenas reforço o meu ponto: é que o paspalho do padeiro, com a sua pasmaceira quotidianeidade, só consegue ser recordado pelos cornos que põe na mulher, ao passo que o psicopata, apesar de serial killer, recebe os elogios rasgados da comunidade.


Portanto, aqui está mais um aspecto em que temos, de facto, muito a aprender com os psicopatas. Este aspecto tem sido esquecido pelos estudiosos do tema, que se têm concentrado em mostrar que temos muito a aprender com os psicopatas em termos de constituição psicológica, em termos de eficácia, etc. Ou seja, os estudiosos têm focado aquilo que temos a aprender com os psicopatas para atingirmos um reconhecimento profissional de topo, mas têm negligenciado aquilo que os psicopatas nos têm a ensinar em termos de reconhecimento dos nossos vizinhos. Se alguém quer ser bem visto na comunidade, é bom que aprenda com os psicopatas.

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