Este ano, o dia da Filosofia voltou a fazer levantar-se a ânsia de alguns "filósofos" para mostrar ao mundo que a Filosofia é útil. Nesta ânsia de provar que a Filosofia é útil ao mundo, à sociedade, ao país, à educação, ao mercado de trabalho, um sujeito quase dá por si a convencer-se de que a Filosofia é assim como uma espécie de canivete suíço, ao qual só falta mesmo ser capaz de descascar batatas e descaroçar azeitonas.
Arendt, num artigo chamado Pensamento e Considerações Morais, sobre a importância do pensamento - e Arendt pensava que o pensamento era, de facto, muito importante - começa logo por despachar a questão da utilidade do pensamento esclarecendo que o pensamento não serve para nada. Não serve para nada, é absolutamente inútil. E, apesar disso, pode revelar-se absolutamente decisivo.
Ora, a mais crua das verdades é, precisamente, a de que a Filosofia não serve para nada. E, para ser honesto, não sei se consigo levar a sério um filósofo que defenda a utilidade da filosofia. A verdade é que a Filosofia não serve mesmo para nada. E um filósofo que queira provar o contrário deve ter-se enganado na profissão. É melhor que se dedique a coisas mais úteis, sei lá, talvez a cozinhar, a criar empresas, a produzir mais valias, qualquer coisa, desde que deixe a Filosofia antes que a transforme num descascador de batatas.
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