Na natureza, o infanticídio é uma prática comum para garantir a sobrevivência de uma espécie.
De facto, há vários estudos sobre o infanticídio nos animais, incluindo mamíferos, mesmo primatas e até entre chimpanzés - os animais que, do ponto de vista genético, mais próximos estão dos homens.
Na verdade, também entre os humanos o infanticídio parece ter sido uma prática comum em tempos idos - do que parecem ser testemunhos alguns mitos que ainda hoje conhecemos.
Certas tribos ainda hoje existentes praticam o infanticídio segundo critérios validados por longas tradições.
Um estudo mais aprofundado permitir-nos-á confirmar que, entre os humanos, os motivos que poderiam determinar a morte de um infante poderiam ser muito variados, nem sempre associados à mal-formação física, a qualquer deficiência ou fraqueza - características que, no mundo animal, parecem andar associadas ao infanticídio, embora nem sempre.
Para um povo era normal matar os primeiros dois filhos, para outro era regra matar os bebés que tivessem o azar de lhes nascer primeiro os dentes superiores. Enfim, quaisquer que sejam as características físicas que nos definam, provavelmente encontraremos em nós uma que, num ou noutro povo, numa ou noutra época, nos teria condenado à morte simplesmente por termos nascido com ela.
Mas o infanticídio chegou a assumir dimensões de massacre. Algumas civilizações realizavam rituais religiosos que incluíam o sacrifício de milhares de crianças de uma só vez. Nem sempre as crianças sacrificadas eram entregues a este destino por terem perdido alguma guerra, ou por serem consideradas etnicamente inferiores. Por vezes, as vítimas sacrificadas eram, justamente, consideradas melhores e privilegiadas.
Tudo isto sugere que a moralidade externa é intrinsecamente arbitrária.
Tudo isto sugere que a moralidade externa é intrinsecamente arbitrária.
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