quarta-feira, 30 de março de 2016

Se cais levantas-te

A propósito de quedas...


É comum ouvir aquele conselho aos mais novos: faz todas as asneiras que tens de fazer quando és mais novo, pois enquanto és jovem se cais levantas-te...


É curioso. Esta nota pode ser encontrada em bastantes moralistas, mesmo nos mais rigorosos. Os filósofos reconhecem, simultaneamente, que é a juventude o tempo da educação, da formação do carácter, o tempo oportuno, o tempo certo, o kairós do humano... e que a juventude é o tempo dos erros. Mesmo Kierkegaard reconhece que há um tempo para a brincadeira, um tempo que não é nem deve ser de seriedade... e, simultaneamente, que a juventude é o tempo oportuno porque, se na juventude segues pelo caminho errado, mais tarde ser-te-á tão mais difícil - talvez impossível - mudar de rumo...


Ora, de facto, dá as quedas que tens para dar na tua juventude porque, então, se cais levantas-te...


Mas... cuidado: é que tudo depende da queda. Se tropeças num calhau levantas-te com os joelhos a sangrar mas a tua carne endurece. Se escorregas no molhado levantas-te com as mãos doridas mas aprendes a evitar o molhado. Mas se te atiras de um arranha-céus suicidas-te. É assim com a juventude como é com qualquer queda: se cais levantas-te, mas cuidado para que a queda não seja maior do que aquilo que podes suportar e continuar a ter uma vida. O problema é que na juventude ainda não se sabe verdadeiramente quais são os nossos limites - se é que alguma vez se sabe. E se é a queda que nos ensina os limites, há também quedas que nos podem destruir.

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