Nenhum filósofo vive as nossas vidas por nós, mas podem dar-nos que pensar.
Por exemplo, os filósofos identificaram duas formas de consciências internas:
1) uma é aquela que identifica o que não deve ser feito: não mentir, não roubar, não matar, etc.;
2) outra é aquela que identifica aquilo que deve ser feito: dizer a verdade (o que não é o mesmo do que simplesmente "não mentir"), prestar auxílio a quem está a ser maltratado, ajudar o próximo, etc..
2) outra é aquela que identifica aquilo que deve ser feito: dizer a verdade (o que não é o mesmo do que simplesmente "não mentir"), prestar auxílio a quem está a ser maltratado, ajudar o próximo, etc..
Esta diferença foi identificada pela primeira vez por Sócrates.
Kant analisou a Moral e distinguiu-a da Ética (vide Metafísica dos Costumes - não confundir com a Fundamentação da Metafísica dos Costumes).
Para Kant, a Moral é o âmbito da lei (frequentemente, usava o termo "Sitten", costumes, em vez de "Moral", moral, por motivos que não interessam aqui).
Dentro da Moral distinguiu 2 campos: 1) o jurídico e 2) o ético.
1) O Jurídico é o campo legalista, da conformidade à lei: não mentir, não roubar, não matar... Se eu agir sempre de acordo com esta consciência nunca farei nada de mal (pelo menos, é possível que nunca faça nada de mal), mas também nunca farei o bem por mor do bem. A consciência neste sentido 1), segundo Kant, não é ética: é apenas jurídico-legalista. Aquele que se rege apenas por ela age conforme à lei, mas não por dever. Pode nunca violar o dever, mas também nunca é realmente ético.
2) O Ético é o campo do Dever, isto é, o campo em que se age por dever tendo o dever como impulsor ou móbil da acção. Só é ético o acto feito por mor do dever, o que significa não só ter o cumprimento do dever como fim, mas também ter o próprio dever como móbil.
Kant diz que a consciência 1), jurídica e legalista, é uma hipocrisia e chama-lhe "mal radical", porque corresponde à corrupção do próprio fundamento de todas as nossas máximas de acção.
Segundo Kant, esta posição corresponde a mais uma forma de ser hipócrita e de, afinal, agir apenas de uma maneira "politicamente correcta"... Só que nesta forma de consciência meramente legalista, o sujeito é "politicamente correcto" perante si mesmo (ainda que não o seja perante os outros). É politicamente correcto perante si mesmo porque convence-se de que ao não mentir, não roubar, etc., já está a cumprir o seu dever... Mas, segundo Kant, agir sempre em conformidade com o dever não demonstra que o sujeito esteja eticamente motivado, de modo que é possível que o cumprimento do dever esteja associado ao mal radical.
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