Estamos entre dois infinitos... segundo Pascal...
Bem, se estamos entre a ignorância e a sabedoria, então não estamos, de facto, completamente despojados de algum conhecimento - embora não estejamos na posse da sabedoria.
O problema, no entanto, imediatamente se complexifica se pretendemos esclarecer a situação em que nos encontramos.
Aparentemente não podemos definir os extremos: não podemos, de facto, dizer o que seja o conhecimento pleno, a posse da verdade, ou como se lhe quiser chamar. Da mesma maneira, não podemos saber exactamente a que corresponde a ignorância como tal, justamente porque qualquer tentativa disso exige uma não coincidência... encurtando de razões: estamos num ponto tal que não podemos determinar com rigor o que é o conhecimento pleno, nem o que é a ignorância pura.
O lugar em que estamos, portanto, é de tal modo que teria de ser determinado pela distância relativa aos extremos, para que assim se pudesse vir a saber se estamos mais próximos da sabedoria ou da ignorância. Mas não temos nenhum modo de o fazer, justamente porque para saber a que distância estamos da sabedoria teríamos sempre de saber onde ela está - mas nesse caso estaríamos na sua posse. Também não podemos saber se estamos muito afastados da ignorância, não só porque seria preciso determinar o grau de sabedoria, mas também porque a própria ignorância absoluta não é determinável.
A situação que estamos a tentar descrever é, então, de algum modo semelhante à ignorância, mas tem, de facto, um elemento de sabedoria. E o problema persiste porque se fala de semelhança relativamente àquilo que justamente não se sabe determinar... mas, seja como for, aquilo que esta descrição permite identificar é uma localização indeterminável na medida em que os extremos são indetermináveis. Mas o reconhecimento disto não é o mesmo que a ausência deste reconhecimento. Segundo Pascal este tipo de reconhecimento é o máximo de sabedoria humano...
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