«O homem de acção é sempre inconsciente.»
Goethe
O exercício poético é o da imaginação.
A actividade do poeta é a de imaginar ideais - ideais que não vive. O poeta é essencialmente um fingidor. Escreve longos poemas devotados ao amor platónico e logo a seguir vai ao bordel. Ou mesmo escreve sobre o amor platónico em pleno bordel.
Pessoa queixava-se de que a natureza não o talhara para a acção.
"Mas ninguém pode ser julgado pelo que não fez, se a sua natureza o não talhou para homem de acção, ou se a sua lucidez não admite a parte de ilusão que toda a acção exige." (Jorge de Sena)
O que normalmente sobrevive ao poeta é a sua "obra". Não a sua acção. Desde os gregos que "poesis" se distingue de "práxis" (acção).
O campo do poeta é o estético, não o da "acção". A imaginação, não a "prática".
O poeta cria. Há algo de divino no poeta. Já o homem de acção age. E há sempre algo de terreno em toda a acção.
Os grandes poetas são sempre demasiado lúcidos e tal lucidez não admite a necessária inconsciência que toda a acção exige
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