Φάλαρις (Fálaris), foi um rei de Ἀκράγας
(Akrágas) - conhecida como Agrigento (de Girgenti em
siciliano), famoso pela sua proverbial crueldade. Terá reinado, aproximadamente, entre 571 e
555 a. C.
Fálaris esteve associado aos primeiros tempos de Agrigento (como Akrágas é conhecida), cuja fundação data de 581 a.C., mas foi a sua perversidade que mais fama lhe deu.
Píndaro (518 a 438 a.C.) refere-o na Primeira Ode Pítica, vv. 95s.:
"A Fálaris, o que queimava
as vítimas no brônzeo touro, de coração empedernido,
uma fama odiosa
lhe cabe em toda a parte. (...)"
Tradução de Maria Helena Rocha Pereira, Helade
Tradução de Maria Helena Rocha Pereira, Helade
Aristóteles (384 a 322 a.C.) refere-o na Ética a Nicómaco, 1148b15, e mais concretamente em 1149a1, indicando que Fálaris pode ter comido carne de crianças ou dos seus próprios filhos (..."refiro-me por exemplo, ao caso de Fálaris não conter o seu desejo de comer crianças"...). O texto tanto pode referir-se a crianças como a filhos do próprio Fálaris. (Ver também Retórica, 1393a, e Política, 1310b).
Tatiano (120 a 180 d.C.), na sua obra Oratio ad Graecos, 34, afirma que Fálaris "se fazia servir à mesa crianças de peito". Portanto, comeria latentes, crianças de tenra idade, bebés.
Luciano (125 a 181 d.C.) descreve o episódio da construção do touro de bronze por Περίλαος (Perilo) na obra Fálaris, I, 11. Diz-nos Luciano que Fálaris pagou a Perilo dando-lhe a oportunidade de demonstrar o funcionamento do touro. Desta forma, Perilo tornou-se a primeira vítima do mortífero instrumento (a imagem ao lado representa a condenação de Perilo por Fálaris). O touro de bronze é um instrumento sádico por natureza: feito de bronze está preparado para nele serem colocados os condenados; as narinas do touro possuem umas flautas, assim, quando os supliciados gritarem dentro dele, pelas flautas será produzida uma espécie de melodia, semelhante ao próprio som produzido pelos touros; uma vez que é feito de bronze, os gritos de dor, dentro dele, entoarão e serão transformados em música pelas flautas.
Luís de Camões (1524 a 1580 d.C.), n'Os Lusíadas, III, 39, refere o "touro de Perilo" e em III, 93, menciona directamente Fálaris pelo seu gosto em achar "tormentos inumanos".
As referências a Fálaris são imensas e não se pretende aqui ser exaustivo. Recorrendo a algumas das referências mais conhecidas, pretendemos apenas realçar a) a utilização de Fálaris como exemplo de crueldade e b) a recorrência dessa utilização. Desde o século VI a.C. que o seu nome se tornou símbolo das atrocidades que o humano é capaz de cometer.
Fálaris é um exemplo de crueldade entre os Gregos, povo normalmente lembrado pelas suas características apolíneas. Apesar das condições que nos impossibilitam de ter um conhecimento rigoroso da figura de Fálaris, a sua personagem está associada à tortura, ao canibalismo e ao infanticídio, ao assassínio dos próprios filhos e à tirania como abuso de poder (ver, por exemplo, Retórica, 1393a).
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