A mais baixa forma de ofensa ética é ser neutro. Deixar-se estar indeciso, não se pronunciar sobre as implicações, presumir-se demasiado miserável para decidir, declarar-se incompetente para julgar - porque ter consciência significa que se trata de julgar, de dever julgar, o sujeito que nega à sua consciência o direito de exigir uma decisão pratica uma injustiça. A consciência ética demanda um "deves" pessoal e íntimo: "tu deves ter uma opinião". O homem que escuta mas não cumpre este imperativo interior não chega a vir a ser humano particular, apenas parece ser um - ou, inversamente, torna-se apenas um homem particular. Não assume a sua humanidade justamente porque não assume responsabilidades na actualidade - ou não se desvincula da actualidade e apenas busca sucesso individual.
terça-feira, 26 de novembro de 2013
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
a mais nobre das possibilidades
A propósito da excelência e da autenticidade...
A maior e mais nobre de todas as possibilidades não se pode receber de ninguém nem aprender com ninguém, mas está constituída desde a nascença e permanece junto de alguém enquanto viver...
Aristóteles, Ética a Nicómaco, 1114b8-13
A maior e mais nobre de todas as possibilidades não se pode receber de ninguém nem aprender com ninguém, mas está constituída desde a nascença e permanece junto de alguém enquanto viver...
Aristóteles, Ética a Nicómaco, 1114b8-13
terça-feira, 19 de novembro de 2013
A perda de si mesmo
A propósito de consciência de si.
"Mas, tornar-se uma pessoa fantástica desta maneira, e assim estar no desespero, não significa, ainda que por vezes seja óbvio, que uma pessoa não pode muito bem seguir com a sua vida, parecer ser alguém, estar ocupada com assuntos temporais, casar, ter filhos, ser honrada e estimada - e não se detectará que, num sentido mais profundo, lhe falta um si-mesmo. Coisas destas [a falta de um si-mesmo] não agitam o mundo, pois um si-mesmo é a última coisa que interessa ao mundo, e a coisa mais perigosa de todas para uma pessoa mostrar sinais de a ter. O maior perigo de todos, perder o si-mesmo, pode passar completamente despercebido no mundo, como se não fosse nada. Nenhuma outra perda pode ocorrer tão pacificamente; qualquer outra perda - um braço, uma perna, cinco euros, uma mulher, etc. - certamente será notada."
Kierkegaard, A doença até à morte, XI, 146
"Mas, tornar-se uma pessoa fantástica desta maneira, e assim estar no desespero, não significa, ainda que por vezes seja óbvio, que uma pessoa não pode muito bem seguir com a sua vida, parecer ser alguém, estar ocupada com assuntos temporais, casar, ter filhos, ser honrada e estimada - e não se detectará que, num sentido mais profundo, lhe falta um si-mesmo. Coisas destas [a falta de um si-mesmo] não agitam o mundo, pois um si-mesmo é a última coisa que interessa ao mundo, e a coisa mais perigosa de todas para uma pessoa mostrar sinais de a ter. O maior perigo de todos, perder o si-mesmo, pode passar completamente despercebido no mundo, como se não fosse nada. Nenhuma outra perda pode ocorrer tão pacificamente; qualquer outra perda - um braço, uma perna, cinco euros, uma mulher, etc. - certamente será notada."
Kierkegaard, A doença até à morte, XI, 146
Ser alguém no mundo
A propósito da consciência de si.
A tragédia não é que um eu não venha a ser nada no mundo, a tragédia é que ele não venha a tornar-se consciente de si mesmo, consciente de que o si-mesmo que ele é, é qualquer coisa bem definida e, portanto, o necessário.
Kierkegaard, A doença até à morte, XI, 149
A tragédia não é que um eu não venha a ser nada no mundo, a tragédia é que ele não venha a tornar-se consciente de si mesmo, consciente de que o si-mesmo que ele é, é qualquer coisa bem definida e, portanto, o necessário.
Kierkegaard, A doença até à morte, XI, 149
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Aprender a morrer
A propósito de morte
"quem pode morrer, não pode ser coagido"
(qui potest mori, non potest cogi)
ou
"quem pode ser coagido, não sabe morrer"
(cogi qui potest nescit mori)
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Morte e angústia
A propósito de morte...
A angústia é o reconhecimento de uma possibilidade como "minha" possibilidade - a morte é a negação de todas as possibilidades...
Consequentemente, a angústia perante a morte é: o reconhecimento da possibilidade da impossibilidade de todas as possibilidades como uma possibilidade "minha".
A morte não é uma impossibilidade. Pelo contrário, é o paradigma da possibilidade. Não há um só momento da minha vida em que a morte não seja possível. Só ela é possível a cada vez, em cada momento, desde que se nasce até que se morre. A angústia perante a morte é o reconhecimento disso: que há uma urgência que me acompanha. É urgente ser.
A angústia é o reconhecimento de uma possibilidade como "minha" possibilidade - a morte é a negação de todas as possibilidades...
Consequentemente, a angústia perante a morte é: o reconhecimento da possibilidade da impossibilidade de todas as possibilidades como uma possibilidade "minha".
A morte não é uma impossibilidade. Pelo contrário, é o paradigma da possibilidade. Não há um só momento da minha vida em que a morte não seja possível. Só ela é possível a cada vez, em cada momento, desde que se nasce até que se morre. A angústia perante a morte é o reconhecimento disso: que há uma urgência que me acompanha. É urgente ser.
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