A propósito do confinamento e dos nossos direitos
As pessoas interiorizaram a noção de que o vírus não é tão letal como nos querem fazer crer. É certo que o vírus mata alguns velhos, mas é um exagero fechar a sociedade por causa de alguns velhos que, de qualquer maneira, também morreriam entretanto. Para os mais novos, o vírus não é problemático, senão para os que sofrem de alguma doença muito grave. O vírus só é fatal para os mais fracos. Para os jovens e os fortes, o vírus é uma gripezinha. E é um absurdo fecharmos tudo por causa de uns tantos velhos e fracos. Afinal, isto é uma democracia, ou não? Nós temos os nossos direitos, as nossas liberdades, e é um absurdo tirarem-nos os nossos direitos e as nossas liberdades, por causa de velhos e fracos. A vida continua, a economia não pode parar, the show must go on. É isto que está na cabeça de muita gente. Talvez, da maioria de nós. Apesar de falso e imoral, é assim que muita gente pensa. Vemos isso todos os dias. As pessoas perguntam se ainda é permitido isto ou aquilo, se ainda podem ir ali ou acolá, quando é que, afinal, podem andar entre concelhos, se podem ir comprar roupa, se a loja de sapatos que a internet ainda diz estar aberta, realmente estará aberta, se o restaurante na esquina não terá um recanto lá dentro onde se possa comer um bife sem a GNR ou a PSP incomodar. E é assim, à espreita da excepção, dos meus direitos, das nossas liberdades, que se manifesta a falência da moralidade. Primeiro, pouco a pouco. Mas se lhe dermos o tempo suficiente: o colapso.
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