sábado, 18 de maio de 2013

O Nazismo e a Escravatura

A propósito de judeus e escravos no regime nazi


Comparar o estatuto que os nazis atribuíam aos judeus com o estatuto de um escravo pode ainda levar-nos a confundir realidades bem distintas. O escravo era uma coisa útil cujo bom funcionamento interessava ao senhor. Comprado, vendido, trocado ou simplesmente utilizado, o escravo tinha um valor – um valor externo, definido por aquilo que produzia ou podia produzir. Mas o Nazismo não tinha nenhuma intenção de criar uma situação estável de instrumentalização dos judeus. É verdade que alguns eram utilizados como escravos – mas isso era a excepção, uma concessão dos nazis, um aproveitamento temporário de características que, por acaso, se encontravam em alguns judeus. O judeu como tal era uma coisa, mas sobretudo uma coisa inútil e daninha. Ao idealista nazi interessava retirar toda a potencialidade ao judeu, destituí-lo de toda a funcionalidade até que aos seus próprios olhos não fosse mais do que carne e osso – literalmente – a verdadeira natureza do judeu. A partir de um certo ponto, estar vivo ou morto era uma mera formalidade.

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