quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Malala Yousafzai

A propósito de Malala Yousafzai...


Esta jovem tem algo de concreto para ensinar a todos nós que vivemos agora neste mundo. E isso é que ainda há seres humanos que são privados de educação, que a educação é um aspecto fundamental da humanidade, e que algumas pessoas precisam de ter muita coragem para conseguirem aquilo a que deveriam ter direito.

Mas esta jovem ensina-nos algo ainda mais relevante, que não é só deste mundo actual, da nossa geração, ou do nosso sistema globalizado. Esta jovem ensina-nos algo que diz respeito a todas as gerações, a toda a humanidade, a cada humano em particular e que diz intimamente respeito a isso de ser humano. Esse ensinamento é o dever de não se calar, de não condescender, mesmo que esteja em risco a sobrevivência do sujeito físico, mesmo ou sobretudo quando é preciso arriscar a vida, não para simplesmente sobreviver, mas por aquilo que é condição para a dignidade, aquilo que dá dignidade ao humano. Nos momentos limites há humanos que recusam abdicar daquilo em que repousa a dignidade humana e fazem-no mesmo quando isso implica correr o risco de ter de abdicar da própria vida. Esta jovem foi um desses humanos.

Hannah Arendt

A propósito de um filme... Hannah Arendt

Um filme muito interessante sobre um dos momentos mais marcantes da vida de um dos maiores pensadores do século XX.

Estava com medo que o filme tentasse ser sensacionalista, ou então que fosse um completo vazio. Muitas vezes, quando fazem filmes sobre grandes pensadores, ou querem mostrar que, afinal, quase eram quase tudo menos pensadores, ou querem mostrar que eram tão pensadores que não eram mais nada.

Mas não. O filme parece-me muito bom.

Pode ver o filme completo aqui.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Sobre: "Genocide Prevention Task Force Report"

A propósito de prevenção de genocídios...



http://www.ushmm.org/confront-genocide/about/initiatives/genocide-prevention-task-force/genocide-prevention-task-force-view-and-download-the-report

Hitler e as potencialidades da crise

A propósito da potencialidade da crise: a guerra como tempo útil




Segundo Hitler, a guerra é um tempo muito útil para se porem em marcha políticas que, em circunstâncias normais, a população não aceitaria. Hitler chegou a esta conclusão quando os alemães se revoltaram com os primeiros gaseamentos. Pondo imediatamente em funcionamento um programa de “educação em matéria de eutanásia”, com o objectivo de actualizar as populações que “ainda não tinham alcançado uma visão puramente «objectiva» da essência da medicina e da missão dos médicos", esperou pelo momento em que a guerra acelerasse o processo de esclarecimento das consciências alemãs.

Assim, as pessoas que fossem consideradas "inúteis" deveriam ser sujeitas ao programa de "morte misericordiosa" em “fundações de caridade para os cuidados médicos” - nome pomposo que servia para designar edifícios como o Castelo Hartheim, mas a que outros, menos dados a nomes pomposos, chamam câmaras de gás para designar uma das "coisas" que nelas entrava, o gás. Esta expressão é ainda um eufemismo.

Bebés, crianças, adultos e idosos, deficientes, foram tratados com a misericórdia e a caridade nazis: Cerca de 200.000 deficientes em apenas cinco anos.

Fenómenos como este devem manter-nos alerta sempre que alguém nos pretende convencer das potencialidades da crise, ou das necessidades que a crise impõe - seja a crise uma guerra ou uma depressão económica...


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Fundamento moral

A propósito da impossibilidade de fundar a moral...

Encontrar um fundamento para a moral ou para a ética é tão impossível como encontrar o fundo do infinito. "Ah, então e a regra não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti?" Bem, com certeza toda a gente tem coisas que não gosta, mas não é evidente que aquilo que cada um não gosta que lhe façam a si seja o mesmo que não deva ser feito aos outros, tal como não é evidente que não haja coisas que não se devem fazer aos outros, mas que se gosta que nos façam.

Mas mesmo que todos gostássemos do mesmo, ainda assim o problema é outro, e é este: eu posso sempre perguntar por que raio não deveria fazer aos outros o que não gosto que me façam a mim. Pode ser evidente que não gosto que me façam algumas coisas, e que por isso evito que mas façam. Ou seja, há coisas que eu gosto de manter afastavas, gosto de evitar, mas isso não significa que não goste também, justamente, de as fazer aos outros. Ora, se o princípio da legitimidade está no que eu gosto ou não gosto, então é perfeitamente legítimo eu fazer aos outros o que eu gosto de lhes fazer, independentemente de gostar que me façam isso ou não!