A propósito de costumes libertadores...
Os homens gostam de amarras. Vivem mal sem elas. Antes preferem o stress das amarras do que a angústia da liberdade.
Diz-se que hoje a sexualidade na adolescência é mais libertadora, porque antigamente era preciso casar para ter relações sexuais e hoje não é assim. No entanto, a verdade é que, antigamente, havia uma pressão para a preservação da virgindade, enquanto hoje um adolescente que ainda é virgem sofre de bullying por parte dos seus pares. Não houve libertação. Nunca há libertação na sociedade, na multidão, na massa.
Nunca há libertação nos costumes. Os costumes nunca se tornam libertadores. Quando um costume parece libertador isso apenas significa que já está incorporado e ainda não produziu um efeito de reacção, por isso, não o sentimos como diferente de nós. Um costume libertador é apenas um costume com o qual ainda estamos conciliados: mas possa o sujeito querer opôr-se-lhe e aí dar-se-á imediatamente conta de que a amarra está lá.
O que há não é libertação, mas apenas mudança de amarras. Por vezes até inversão, como neste caso: antes havia pressão para a preservação da virgindade, hoje há pressão para perder a virgindade.
O costume é sempre uma força de pressão. É apenas ilusão a ideia de que hoje temos costumes libertadores. Temos apenas outras amarras. E algumas amarras que se disfarçam melhor. Que são melhores a produzir stress sem denunciarem o ponto em que a força é aplicada.
terça-feira, 29 de janeiro de 2019
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